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Foto do escritorDra Fernanda Tso

HPV e o Câncer de colo do útero: As três medidas para evitar a doença 

*Por Dra Fernanda Tso  Médica assistente do Departamento de Ginecologia da UNIFESP e médica docente da FICSAE. Dedicada ao combate do câncer de colo do útero

 




O que você seria capaz de fazer para não ter câncer ao longo da sua vida? Você mediria esforços para que sua filha, ou seu filho, fossem poupados de tratamentos dolorosos e traumatizantes, por conta de um câncer? Pois saiba que hoje, com três medidas simples, somos capazes de prevenir muitos tipos de câncer que afetam pessoas de todos os gêneros.    Este artigo aborda os cânceres causados pelo Papilomavírus humano, conhecido como HPV. Esse vírus pertence a uma família bastante extensa, conhecendo-se mais de 240 tipos de HPV que recebem números como identificação, por exemplo, HPV 6, HPV 11, HPV 16, entre outros.  Cerca de 40 tipos de HPV tem a predileção pela região ano genital. O que isso significa? Esses tipos de HPV são capazes de se alojar na região genital, tanto feminina quanto masculina, e anal. Alguns deles possuem alto potencial oncogênico, sendo conhecidos como HPV de alto risco. Ou seja, um pequeno grupo desses vírus é capaz de causar câncer do colo do útero, da vagina, da vulva, do pênis e do ânus. Além disso, também podem provocar câncer na região de cabeça e pescoço, como na orofaringe e na base da língua.   Vamos detalhar e listar três medidas que certamente previnem o desenvolvimento desse tipo de doença!   Durante a adolescência, muitos iniciam a prática sexual. A maioria dos jovens, meninas e meninos, entra em contato com um ou mais tipos de HPV. Estima-se que 80% das mulheres entrarão em contato com o HPV durante a vida sexual ativa. Aqui, destaco a primeira medida que devemos praticar: o uso regular e disciplinado de métodos de barreira como o preservativo feminino, preservativo masculino e métodos de barreira para receber e praticar o sexo oral.   


Os preservativos não oferecem 100% de proteção contra infecções, mas protegem contra o HPV e outras bactérias e vírus transmitidos pelo contato sexual que dificultam a eliminação do HPV e facilitam sua persistência, aumentando o risco de câncer, principalmente de colo do útero. O uso do preservativo tende a diminuir ao longo do relacionamento, mas é importante destacar que o HPV pode permanecer assintomático por longos períodos. Portanto, mesmo em relacionamentos estáveis e longa duração, o uso de métodos de barreira é recomendado para prevenir essa infecção.  


As mulheres são consideradas o reservatório dos HPVs, pois os vírus permanecem no colo do útero ou na vagina, mesmo sem causar lesões. O sexo oral pode transmitir o HPV para a cavidade oral, relacionando-se ao aumento dos casos de câncer de orofaringe e de base da língua. Fatores como tabagismo e consumo excessivo de álcool podem favorecer a ação do vírus. Portanto, até para o sexo oral, a utilização de métodos de barreira é aconselhável para reduzir a chance de contrair o HPV. O sexo anal, muitas vezes praticado sem preservativos pela ausência de preocupação com gravidez, também pode resultar em lesões anais e perianais causadas pelo HPV. 


Há preservativos de todos os tamanhos, cores e sabores, portanto, a prática sexual não será menos divertida e prazerosa se usados de maneira regular! 

A segunda medida que se mostrou eficaz é a vacinação contra o HPV. No Brasil, esta vacina faz parte do calendário oficial do Ministério da Saúde há dez anos. Em 2014, adolescentes começaram a ser imunizados pelo SUS com duas doses da vacina que protege contra quatro tipos do vírus: dois HPVs que causam verrugas (HPV 6 e 11) e dois HPVs de alto risco (HPV 16 e 18), principais causadores de câncer de colo de útero. 

Não se deixe enganar por fake news sobre as vacinas contra os HPV!    Pessoas de todos os gêneros são encorajadas a se vacinar contra o HPV, um passo crucial na prevenção do câncer de colo de útero. Entre 9 e 14 anos, são recomendadas duas doses com um intervalo de 6 meses. Para aqueles com mais de 14 anos, o esquema vacinal consiste em três doses, aplicadas em intervalos de 2 e 6 meses. Importante ressaltar que não é necessário realizar exames prévios à vacinação. Isso porque, mesmo após contato prévio com o vírus, muitas pessoas não desenvolvem anticorpos em níveis protetores. Recentemente a vacina nonavalente, que protege contra 9 tipos de HPV - 5 tipos a mais do que a quadrivalente – foi introduzida no mercado brasileiro. Aqueles que já completaram o esquema vacinal com a vacina quadrivalente, podem receber o esquema da vacina nonavalente para obter uma proteção adicional de 15 a 20% contra o câncer de colo de útero.     Você pode encontrar maiores informações sobre a vacinação contra o HPV no post da semana que vem ;)

Além da vacinação e do uso de preservativos, a terceira medida eficaz na prevenção do HPV é o exame preventivo, conhecido como Papanicolau. Uma excelente notícia é que com a inovação do teste de detecção de DNA-HPV (PCR) em materiais coletados da região anogenital, é possível categorizar o risco de desenvolver lesões precursoras do câncer com maior precisão. Esse método é muito mais eficaz que o exame convencional de Papanicolau! Com base no resultado inicial do DNA-HPV, o profissional de saúde pode determinar os exames seguintes e o intervalo do acompanhamento necessários para cada paciente. Portanto, a visita regular ao ginecologista é decisiva para o diagnóstico precoce e aumento da probabilidade de cura. 

Outra novidade revolucionária na detecção do HPV, é a possibilidade da autocoleta do DNA-HPV. Como funciona: a própria paciente introduz na vagina uma pequena escova, coleta o material e envia para laboratório. Tudo sem a necessidade do uso do espéculo, também chamado "bico de pato". Esse método promove maior comodidade e reduz o desconforto associado ao exame tradicional. 

Conclusão: Não há motivos para você não adotar estas três medidas simples e que representam etapas fundamentais na prevenção do HPV e na luta contra o câncer de colo do útero. Use preservativo, vacine-se e faça seus exames regularmente.  

 

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